terça-feira, 13 de agosto de 2013

O Exorcismo de Marta pelo Padre José Antonio Fortea


Definido como demoniologista, especialista em demônios, o padre espanhol revela que já perdeu as contas de quantos exorcismos realizou e tem registrado em áudio todas as seções feitas até hoje.

O caso mais emblemático do padre Fortea é o da jovem espanhola chamada Marta, possuída por uma legião de demônios, liderados por Zebulon, um dos servos de Satanás.

Padre José Fortea, nascido na cidade de Barbastro - Espanha, em 1968, cursou Teologia em Navarra. Licenciado na especialidade de Historia da Igreja na Faculdade de Teologia de Comillas. Pertenece à diocese do município de Madrid chamado Alcalá de Henares. Em 98 defendeu sua tese de licenciatura "O exorcismo na atualidade".

Autor da "Summa Daemoiaca - tratado de demoniologia e manual de exorcistas",considerada a obra de referência da Igreja católica sobre tudo o que tem a ver com o diabo e o exorcismo, eminentemente prático, organizado quase totalmente sob a forma de perguntas e respostas, procura dar uma visão abrangente do mal e das suas diferentes encarnações à luz da doutrina católica. Atualmente está em Roma realizando seu doutorado em Teologia.

Embora Fortea tenha recusado revelar a identidade da menina possuída, uma vez convidou para assistir um dos seus exorcismos, dois jornalistas, que afirmam que ela levitava diante dele.

O padre católico espanhol José Fortea é uma das maiores autoridades católicas em matéria de exorcismo. Veio a Portugal, mas não para exorcizar

Padre José Fortea é conhecida no mundo inteiro. Passou os últimos anos a viajar, para ensinar outros padres a lidar com espíritos malignos - recorrendo a disciplinas como Antropologia do Satanismo ou Possessão Diabólica. Há pouco mais de um ano mudou-se para o Vaticano, onde está a preparar a tese de doutoramento sobre exorcismo. José Fortea fala do Diabo com uma familiaridade e seriedade de espantar e veio a Portugal apresentar o seu último livro, que é o manual mais completo sobre demónios e exorcismos da Igreja: "Tratado de Demonologia e Manual de Exorcistas" (editora Paulus). Tímido na aparência, calmo na voz, interrompe a entrevista para confessar que há coisas que não se explicam. "Como aquele padre jesuíta que ia embarcar no Titanic e o seu superior o obrigou a voltar para trás, ou aquela mulher que chegou atrasada ao Airbus que caiu no Atlântico e morreu um mês depois num acidente de carro." Durante os primeiros cinco minutos de entrevista, José Fortea falou sempre de olhos fechados.

Diz-se que os padres mais novos não sabem nada sobre demónios. A Igreja está a distanciar-se destes assuntos?

Nos seminários, esta especialidade nunca foi ensinada em profundidade porque não era necessário. Quando havia um problema de possessão, o assunto era encaminhado para um especialista. Nas décadas de 1970 e 80 houve um grande distanciamento e os seminários estavam cheios de professores com ideias muito racionalistas. Agora já não é tanto assim.

E esses especialistas aprendem onde?

A melhor maneira de aprender é estar com um exorcista, vê-lo trabalhar, ouvir a experiência que ganhou com o tempo. Só os livros não chegam.

É por isso que tem viajado pelo mundo inteiro dando formação?

Sim. Faço-o porque é um tema que está muito esquecido e os padres estão pouco preparados. Mas ao fim e ao cabo, este tema não é assim tão importante. Se os exorcistas desaparecessem as pessoas possuídas sofreriam, mas a Igreja não deixaria de existir.

Como é que se tornou exorcista?

Cada um tem a sua história. No meu caso, nunca quis ser exorcista. O meu bispo chamou-me e disse-me que deveria ser o tema da minha tese final de licenciatura. Tive de lhe obedecer. Entretanto, visitei exorcistas do mundo inteiro (aprendi muito com o padre Gabrielle Amorth, exorcista da diocese de Roma) e foram-me aparecendo casos. Tive de os atender porque não havia mais ninguém.

Qualquer padre pode fazer exorcismos?

Sim. Com autorização do respectivo bispo. Mas a qualidade da vida espiritual de cada padre pode aumentar o seu poder.

Falou do padre Amorth. Pensei que não se davam. Ele diz que há seitas satânicas no Vaticano em que participam cardeais e o padre José criticou-o publicamente.

Ele disse o que pensava e eu disse que isso não fazia sentido. As pessoas têm sempre a ideia de que na Igreja há complôs. É da natureza do ser humano criar romances. O colégio cardinalício merece muito respeito e os cardeais são pessoas que se dão à Igreja. E não ganham tanto como se pensa. Um cardeal normal ganha menos de 2000 euros.

Quando um padre comete pedofilia está sob a influência do demónio?

Claro que o demónio pode tentá-lo. Mas a pedofilia explica-se por razões naturais.

Já exorcizou algum padre?

[risos] Algumas vezes.

Diz no seu livro que o demónio tenta mais as pessoas que têm altos cargos na Igreja. O Papa tem de ter cuidados especiais?

É verdade que os demónios tentariam mais a Igreja, mas a oração da Igreja pela Igreja protege-a e o Papa está muito protegido pela oração. Quanto mais rezamos, mais tentações evitamos.

O Diabo também não deve gostar muito de ti.

Eu sou mais odiado não por ser importante na Igreja, mas porque falo de mais. Sei que devia rezar mais a Deus para pedir protecção...

Nunca lhe aconteceu nada de estranho?

Só uma vez, em que as luzes de casa se acenderam de repente. Mas depois não aconteceu mais nada.

E não tem medo?

Não, porque acredito em Deus.

Os nomes dos exorcistas normalmente não são revelados. Nunca foi acusado de excesso de mediatismo?

Sim. No início estava na paróquia e era valorizado pelos meus companheiros. Mas percebi que tinha de falar, convencer as pessoas. Então começaram as críticas. Mas... já pensei muitas vezes que se me visse na televisão e não me conhecesse... eu próprio pensaria mal de mim. E desconfiaria. O bispo disse-me que os media não deveriam saber, no início. E eu entendo. Sei que o demónio não quer que dê conferências ou apareça nos jornais, falando do bem. O demónio quer estar oculto e a pouco e pouco vamos tirando os símbolos religiosos da sociedade. Antes, Deus estava presente nas ruas, nas escolas. Havia hábitos religiosos. Hoje, falta pouco para que Deus não apareça.

O Vaticano mudou o ritual do exorcismo. Há quem diga que foram retiradas orações muito importantes e introduzidas outras que não têm poder. Concorda?

Não. Os dois rituais são igualmente eficazes.

Já o ouvi dizer que o Inferno enquanto local não existe.

Sim. O Inferno não é um sítio, porque as almas não ocupam espaço. É um estado. Mas são pouquíssimo os condenados, acredito, porque Deus é misericordioso.

Se Deus quisesse podia acabar com os demónios. Porque não o faz, se é um Deus de tanto amor?

Deus permite o mal. O sofrimento às vezes faz muito bem à alma. Deus nunca nos dá uma cruz maior do que aquela que podemos suportar e permite o mal neste mundo porque, quando um ser humano nasce, a linha de saída não tem nenhum mérito. Mérito é gerir o bem e o mal até ao fim.

Deus e o demónio conversam ?

Acredito que o fazem algumas vezes. Mas o demónio não vai visitar Deus, está no Inferno. Só que por vezes eleva a sua voz a Deus. E Deus escuta-o. Mas Deus tem pouco a dizer ao demónio e o demónio não quer falar com Deus.

Quantos exorcismos já fez?

Perdi a conta. A sério que não sei. Antes de estar em Roma recebia gente de manhã, e à tarde, todos os dias.

Vai estar com colegas exorcistas cá?

Não. Só para apresentar o livro.

Mas há exorcistas em Portugal?

Não sei mesmo. Só perguntando.

E vai fazer algum exorcismo cá?

[risos] Não. Só posso fazer na minha diocese.

Paga-se por um casamento e um baptizado. E um exorcismo, quanto custa?

Nada. Os exorcistas trabalham por amor a Deus. Mesmo que seja preciso rezar por alguém durante anos para o libertar.
Com Marta F. Reis e Cláudia Garcia

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