Um católico, cujo grupo ora em línguas, perguntou-me se eu era contra a Renovação Carismática porque “combato” a oração em línguas. Quis saber porque razão eu não orava como eles.
Respondi que ele estava ultra-super-maxi enganado. Eu trabalho em televisão e rádio e escrevo em revistas e falo em emissoras da Renovação Carismática Católica. Antes que ela tomasse vulto eu já era carismático Dehoniano. Somos colegas e ao inimigos.
Vejo valores claríssimos neste recente segmento da nossa Igreja. Eu jamais negaria que a luz de Deus está nesses irmãos. Muitos fazem uso corretíssimo dessa graça que é a RCC. Ela tem nos dado almas santas. Como em todos os grupo também algumas almas confusas, mas isso não tira o brilho da RCC, como os confusos que misturam alhos com bugalhos não tiram o brilho das congregações e ordens religiosas.
Mas, diante da sua insistência em saber porque nunca fui visto orando em línguas, perguntei se ele viu a maioria dos cardeais, dos bispos, ou o papa orando em línguas. Disse que não. Então deixei claro o que penso desses queridos irmãos que oram em línguas.
Mas, diante da sua insistência em saber porque nunca fui visto orando em línguas, perguntei se ele viu a maioria dos cardeais, dos bispos, ou o papa orando em línguas. Disse que não. Então deixei claro o que penso desses queridos irmãos que oram em línguas.
-”Vocês são 8 a 10 milhões em toda a igreja que no nosso país se diz que soma 130 milhões. Há outros grupos carismáticos na Igreja que também não oram em línguas. Nem por isso deixam de ser carismáticos. E, mesmo entre vocês da RCC, há muitos que não receberam nem cultivam este dom. Não somos nós que não oramos como vocês. São vocês que não oram como nós que somos a maioria…
Ele riu e admitiu que meu argumento era forte. Fizera a pergunta de maneira errada. Tornei a dizer que a linguagem da maioria, inclusive a maioria dos bispos, fiéis e padres não inclui orar em línguas. E disse com carinho:
-Vocês têm seus méritos, mas estão em minoria. Escolheram orar assim e entendem que é graça. E você me pergunta porque eu, pregador e pecador como você, não oro como vocês. Vocês também não falam as línguas que eu falo nem compõem e cantam como eu. São dons que Deus me deu a graça de desenvolver. Nem por isso os acho menos iluminados. Cada qual com os seus dons e se dê por feliz se souber usá-los em favor dos outros.
Tentem entender porque vocês não oram como nós que somos maioria e vejam que proveito podem tirar deste dom que Paulo diz que tem limites. E citei Paulo aos Corintios, texto que não há carismático que não tenha lido. Orar em línguas é um dos dons, mas não é nem nunca foi o dom por excelência. Dá para ser eleito papa sem jamais ter emitido sequer um som no que vocês chamam de “língua dos anjos”.
Se fui entendido? Não sei. Acho que a língua da Igreja é bem mais exigente e abrangente, requer estudo e leitura que passa por dois mil anos de comunicação de fé. Toda a igreja nunca vai orar em línguas, mas sempre haverá grupos a usar dessa linguagem.
Seremos capazes de respeitar os dons e os sons um do outro? Esta pergunta anda nos desafiando por vários séculos!!! Sem diálogo produzirá apenas egos feridos e preconceitos nada fraternos.
Repetindo: -Ninguém é mais católico do que o outro só porque ora ou não ora em línguas. Há dons bem mais importantes. E se alguém ficar ferido com esta afirmação brigue com São Paulo. Foi ele quem alertou contra a supervalorização de um dom que nem todos possuem ou possuirão na Igreja. Peçamos, com Paulo, o dom essencial: o da caridade. Este, sim, deve ser a marca de todos os que anunciam Jesus. Sem este não dá!

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