Testemunho de amiga de pessoa com deficiência motora |
Conheci, de perto e verdadeiramente, o Pedro há já três anos. E a partir daí tive a oportunidade de conhecer uma realidade diferente, com a qual nunca, ou pelo menos de forma tão iminente, tinha presenciado, reflectido ou partilhado desses problemas.
De facto as pessoas, ou pelo menos a maioria delas, não se preocupa com o que não "lhe bate à porta", pensam só que acontece aos outros; e é muito triste pensar que uma pessoa só porque anda de cadeira de rodas não pode viver uma vida normal: quer seja pela falta de acessos, quer seja pela falta de informação das pessoas que lhe são mais próximas, quer seja pela mentalidade retrógrada de um povinho que não deixa de olhar os deficientes motores como "coitadinhos", como indivíduos que são inúteis e não têm nada para dar à sociedade em que vivemos. Mas isso não é verdade! E o Pedro dá mostras disso, ele não se conformou com os limites e barreiras que se impõem dia a dia, ele vislumbrou-as, não ficou contente com elas, desiludiu-se mas decidiu lutar - através de depoimentos, alertando as autoridades locais, consciencializando todos aqueles com quem convive.
É realmente triste que, por vezes, quando vou com o Pedro na rua as pessoas ainda olham, ainda comentam, o que há para olhar? O que há para comentar? Que tenhamos tantas dificuldades a fazê-lo descer escadas, que ele não possa movimentar-se sozinho, nos locais próprios, como passeios largos, que... tanta coisa... Quando fazemos um passeio, cada um é uma jornada, uma aventura de imensos obstáculos... É tão incompreensível... estamos no século XXI!!! Não se compreendem certos investimentos, milhões desperdiçados em causas menores... não seria melhor tornar a vida pública e cívica mais acessível a todos????

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