quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Araraquara: Padre prega contra pílula do dia seguinte em missa e ataca Dilma

Padre prega contra pílula do dia seguinte em missa e ataca Dilma

Lei que aprova uso de contraceptivo em casos de violência sexual é criticada por pároco durante celebração religiosa.


“A presidente Dilma Rousseff, congressistas e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, oficializaram, nos últimos dias, o aborto na Terra de Santa Cruz.” O “ataque” ao Governo é do padre Juliano Carlos Alécio, 35 anos, e feito em todas as missas. O pároco, da São João Batista, na Vila Independência, em Araraquara, é enfático ao condenar o uso da pílula do dia seguinte, aprovado por lei na semana passada.
Deivide Leme/Tribuna Impressa
Padre Juliano, que condena em missa e na internet a nova lei e promete excomungar os fiéis (Foto Deivide Leme/Tribuna Impressa)
O repúdio à lei é compartilhado pelo vereador Elias Chediek (PMDB), que chegou a fazer requerimento e enviar à presidência da República. 

Padre Juliano se defende: “Sigo orientação da Igreja, que reprova a lei”. Ele inclusive publicou nota de repúdio à aprovação no site da paróquia. “Imprimimos folhetos e passamos a distribuir”, conta o pároco, que promete excomungar fiéis caso tomem a pílula. 

Pela lei, a vítima de abuso sexual deve ter atendimento obrigatório e imediato dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). Esse atendimento envolve rede de assistência multidisciplinar. Além da pílula, a mulher recebe acolhimento psicológico e passa por exames de saúde, como Aids e sífilis. Em Araraquara, o hospital credenciado é o Fungota.
Procedimentos

Depois de registrar boletim de ocorrência, as vítimas são encaminhadas para o hospital. De lá, seguem para o Serviço Especial de Saúde. Segundo a enfermeira do Sesa Marisa Marques Monteiro, lá são feitos exames na vítima e entregue a pílula do dia seguinte.

“Mesmo assim, os casos são analisados um a um. Algumas vítimas que já usam métodos anticonceptivos, por exemplo, não precisam”, explica. Dos 71 casos atendidos no Sesa neste ano, só cinco mulheres receberam o medicamento.

“A pílula tem dosagens hormonais absurdas. Então, para nós, que trabalhamos primordialmente com a prevenção, é uma situação de conflito”, avalia. No Sesa, a pílula do dia seguinte está disponível apenas para mulheres que sofrem abuso sexual. “Para as demais, oferecemos os outros métodos anticoncepcionais tradicionais”, afirma.

Na rede pública, segundo a assessoria de imprensa da Secretaria da Saúde, as pílulas do dia seguinte podem ser encontradas nas 26 unidades básicas de saúde, além do Centro de Testagem e Aconselhamento. A distribuição é gratuita, mas antes a mulher deve passar por uma avaliação médica. 

Para vereador, lei abre brecha para a legalização do aborto no País

O vereador de Araraquara Elias Chediek (PMDB) chegou a fazer requerimento repudiando a lei que aprova o uso do método anticoncepcional.

De acordo com ele, a nova lei abre uma janela para o aborto legal no País. “Mesmo que se use o termo pílula do dia seguinte, para mim, é uma tentativa de legalizar o aborto no Brasil”, declara.

Mas diante da polêmica da lei, o vereador acabou encaminhando o requerimento para a presidente Dilma Rousseff (PT) e para algumas câmaras de vereadores do País. “Como havia muita discussão sobre o assunto e estava um pouco em cima da hora para debatermos na Câmara daqui, acabei desistindo. Mas reafirmo: essa lei é um absurdo.”
 

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