quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Entrevista legal: Uma conversa com o Monsenhor Guido Marini

3 perguntas a alguém muito próximo do papa


PhotobucketO jornalista Edward Pentin, do NCR fez uma entrevista muito interessante com Monsenhor Guido Marini, o mestre de cerimônias do papa Bento XVI. Ele é o chefe do grupo de trabalho que organiza todas as missas públicas em que o papa está presente. Missas por vezes com 2 milhões de pessoas como a da Jornada Mundial da Juventude no ano passado. Certamente não é um trabalho fácil, mas Msr. Marini faz questão de expressar sua gratidão a Deus por trabalhar ao lado de um grande teólogo como Bento XVI.

Nessa entrevista (em inglês) ele fala sobre muitos detalhes sobre a rotina de organização das missas com o papa. Revela que Bento XVI tem um excelente humor e que é muito atento a tudo o que acontece ao seu redor. Eu escolhi 3 perguntas da entrevista e as traduzi.  Certamente essa entrevista ajudará ainda mais a desconstruir a imagem de “durão” do papa:

COMUNHÃO DE JOELHOS

Quando celebra a missa, o papa insiste que os comungantes recebam a comunhão de joelhos. Isso seria algo que ele deseja para a Igreja Universal?

O Santo Padre explicou esse gesto na entrevista do “Luz do mundo”. Quando o entrevistador perguntou sobre essa prática, ele respondeu que sentia a necessidade de um gesto forte que lembrasse o sentido da presença real na Eucaristia. Isso para que pudéssemos vivenciar a grandeza desse sacramento. Esse gesto é necessário para a adoração, é necessário sobretudo para que se viva tal grandeza diante da Eucaristia. Por sua vez o Santo Padre demanda esse gesto em suas próprias celebrações, mas é obviamente um gesto exemplar para todos e nós somos convidados a refletir sobre isso. Acima de tudo esse gesto é uma indicação, pois seja qual for o modo como o sacerdote celebra a missa hoje (modos que sejam lícitos e que a Igreja aprove), não devemos perder de vista a verdadeira disposição que uma fé viva deve expressar diante da presença do Senhor. Se o papa quisesse que esse gesto se tornasse uma prática regular, ele o diria explicitamente. No entanto, até no momento, ele ainda não expressou esse ponto de vista.

ROTINA DE TRABALHO

Como é trabalhar tão perto do Santo Padre? Que conselhos ele te dá? Como você recebe instruções?

O importante é isso: que a liturgia seja uma liturgia papal. É sobre isso que o Santo Padre me dá indicações e coordenadas. Quando eu cheguei a Roma, eu tinha a intenção e o desejo sinceros de ser, o máximo possível, intérprete das coordenadas do papa. Para tudo o que fazemos, ao preparar as celebrações, tentamos clara e completamente estar em sintonia com o papa, escutando as indicações que ele nos dá. Assim, é claro que existem aspectos práticos que o papa deixa à cargo de seus colaboradores ou funcionários. Ainda assim,  os grandes aspectos a serem decididos, as decisões mais importantes, mudanças sucessivas na rotina, eu sempre submeto ao Santo Padre. Nesse sentido, o meu papel é obedecer todas as indicações e coordenadas que ele me dá. Eu devo reforçar que a minha colaboração com o papa é algo que carrego com pouco esforço, é muito prazeroso, pois o papa é bem atento a tudo. Além disso, para mim também é como uma escola, onde eu posso propor ou submeter à avaliação do papa certas questões, as quais o papa receberá positiva ou negativamente, mas sempre com a devida explicação. Isso é muito bom para mim sob esse ponto de vista. Por fim, eu repito, é um trabalho tocado com muita proximidade e obviamente em plena sintonia com o papa. Mas isso tudo ocorre num sentido de unidade, pois na dúvida sempre temos o papa para dar instruções e ajudas práticas.

FATOS INUSITADOS

Você poderia partilhar alguns fatos inusitados?

Há muitos, pois nós já preparamos diversas celebrações em diferentes partes do mundo e sempre há detalhes que se pode recontar. De um modo geral há um fato muito belo que mostrou a leveza e a suavidade da alma do papa, além de ter mostrado seu inteligente e agudo senso de humor, obviamente. É recente o bastante para que eu me lembre bem, foi relacionado à Jornada Mundial da Juventude em Madri. Estávamos rezando durante a vigília com os jovens e, infelizmente, a noite foi assaltada por uma tempestade. A chuva começou a cair.  Durante a primeira parte da vigília, em determinado momento, tivemos uma interrupção, porque a chuva obrigou-nos a desligar os microfones. Corremos para cobrir o Santo Padre com alguns guarda-chuvas. Foi aí que num certo momento ele disse: “Não, não. Eu não posso fazer isso. Se os jovens têm de ficar debaixo de chuva, eu também ficarei com eles”.

Isso realmente nos dá uma ideia da alma e do coração do Papa. Assim que a primeira parte acabou, fomos à sacristia porque ainda haveria a adoração e o papa teria que se trocar. Em seguida voltamos ao palco e em direção à cadeira papal onde ele acabara de se sentar durante a primeira parte da vigília. Aos pés da cadeira reparamos que havia uma pequena escada que estava molhada, mas a cor da água era vermelha. Então, quando o Santo Padre retornou à sacristia no final, ele disse em tom jocoso: “Vocês viram que os meus sapatos perderam suas cores?” Por isso vocês podem perceber a simplicidade, a graciosidade de sua alma. Além, é claro do humor do papa.

Essa última foi para aqueles engraçadinhos que dizem que o papa usa Prada…haha!

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