“Meu pai, João Joaquim Santana, levou o Nelsinho para Ibitinga. Nessa época, morávamos na fazenda Ronca. De lá, ele foi levado para Itápolis e depois para Araraquara, onde ele ficou internado.”
Foi na pediatria da Santa Casa de Araraquara que Nelsinho conheceu irmã Genarina, conta livro do padre Gerhard Rudolfo Anderer. Ela sugeriu ao menino que aproveitasse o tempo em que ficaria internado para fazer a catequese. O menino teria surpreendido a religiosa por aceitar com muita alegria.
Diariamente, passou a receber as instruções. Adotou uma canção muito conhecida na Igreja Católica e com as demais crianças da pediatria passou a cantar: “O meu coração é só de Jesus, a Minha alegria é a santa cruz. Nada mais desejo, não quero senão: que viva Jesus no meu coração!”.
Nessa época, teria prometido a Jesus que levaria sua cruz cada dia e cada hora sem reclamar. Depois de receber alta médica, Nelsinho retornou para a propriedade rural onde seus pais e os irmãos residiam. Determinado, procurou a mãe, perto da hora do almoço, para dizer que ia cometer um grande pecado. Teria dito:
“Prometi a Jesus não reclamar quando tivesse dor. Mas não estou aguentando. Meu braço está pior do que antes”, a mãe teria desfeito a confusão do garoto. “Não é pecado avisar a mãe quando se sente dor”, teria dito.
Levado de novo para a Santa Casa de Araraquara, Nelsinho foi atendido pelo médico que, após inúmeros exames, disse aos pais que não havia outra solução se não amputar o órgão. O profissional pediu à religiosa que desse a notícia ao pai e, posteriormente, ao menino.
Quando a irmã foi dar a notícia para Nelsinho, ficou surpresa com a reação dele. “Pode falar sem medo irmã, mesmo que seja meu braço por inteiro, Jesus pode levar, pois tudo o que é meu é dele também”. A cirurgia foi feita e, nesse período, ele conheceu o padre Gerhard Rudolfo Anderer, autor do livro, com o qual manteve um relacionamento muito próximo. Pediu ao religioso que levasse Jesus todos os dia para ele comungar.
O sofrimento de cada dia
Para enfrentar os curativos, Nelsinho usava a força do crucifixo. Ao invés de gritar de dor, o menino se agarrava à cruz que havia ganho de irmã Genarina. Só assim suportava os curativos. Segundo o livro que conta a história dele, até anestesia geral era aplicada antes de cada curativo, tamanha era a dor.
Só uma coisa os médicos não conseguiam eliminar: o mau cheiro que a ferida exalava causava náuseas em quem se aproximasse de Nelsinho. Segundo o padre, em uma de suas visitas, o menino de 9 anos confessou. “Totalmente transtornado, ele me disse: Preciso confessar-me! Eu pequei! Fui covarde! Eu gritei! Eu chorei! Eu não aguentei! Perdão!”
O padre teria desfeito a confusão e, calmamente, teria dito que ele não havia cometido pecado algum. “Na cruz, Jesus também gritou de dor.”
Nesse período, o menino teria manifestado a ideia de passar o Natal no céu para ajudar Jesus a fazer o bem, uma vez que com um só braço, pouco ou nada poderia ajudar seus pais na roça. O padre teria dito que o Natal ainda estava longe e Nelsinho teria dito que era melhor, assim poderia se preparar.
O tempo foi passando e o mês de dezembro foi chegando. No dia 24, por volta das 10h, padre Gerhard foi visitar Nelsinho. Oportunidade em que ele comungou. “Irmã Genarina, acompanhada de outras crianças, trouxe enfeites para montar o presépio, uma vez que o menino não podia mais levantar. Ele disse: Mas eu não vou estar aqui!”
Diante da situação, a religiosa questionou Nelsinho se iria embora sem receber alta médica. Antes da resposta, o padre pediu que ela saísse e ficou a sós com o menino. “Ele disse que ao anoitecer, Jesus iria buscá-lo para levá-lo ao céu.”
Conforme a previsão do garoto, às 19h do dia 24 ele morreu. “A partida do Nelsinho foi consumada no dia anunciado por ele.”
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