quarta-feira, 17 de julho de 2013

Noite é uma criança: o Espirito Santo

O Espírito Santo e a Igreja Católica

Qual a ligação entre o Espírito Santo e a Igreja, entendida no seu duplo aspecto: histórico e mistério?
A Igreja é uma organização estruturada, há 2000 anos mantém uma visibilidade histórica que influênciou não pouco a história humana. Ao mesmo tempo é presença invisível do mistério salvífico de Deus na história humana, o qual atua na vida dos crentes.
Para responder essa questão, é necessário fixar-se em alguns pontos essenciais da história da Igreja:
  • Nascimento
  • Estruturação hierárquica, doutrinal e sacramental
  • O seu desenvolvimento nos momentos de grandeza e nos momentos de fraqueza e crise
Nestes pontos essenciais se manifestam de maneira mais intensa a presença e a ação do Espírito Santo na Igreja.
1.  Como de fato nasce a Igreja que é a comunidade daqueles que crêem em Jesus de Nazaré?
Durante sua vida pública Jesus preparou o nascimento da Igreja: escolheu doze discípulos como representantes das doze tribus de Israel e os “constituiu” (Mc 3,14), como núcleo fundamental da nova comunidade, a qual colocou o discípulo Simão, que recebeu um novo nome: Pedro, Kephas (rocha, pedra), para indicar que ele seria a “pedra” sobre a qual Jesus edificaria a sua Igreja (Mt 16,16-18).
Durante os primeiros tempos do seu ministério, Jesus se dirigiu a todas as camadas da população Judaica, mas tem um cuidado particular no instruir o grupo mais restrito, o dos seus discípulos, revelando a eles abertamente, e não mais sob o véu das parábolas, “os mistérios do reino dos céus” (Mt 13,11). De modo particular, indicou-lhes os comportamentos essenciais da nova comunidade, querendo que fosse uma comunidade de serviço recíproco, de oração ao Pai que está nos céus, de perdão “até setenta vezes sete”, de compaixão para com os mais fracos, os “pequenos”, da comunidade, para com os quais deveria ser evitado qualquer escândalo (Mt 18,1-11).
Na vigília de sua paixão ele deixou aos seus discípulos o sacrifício do seu corpo e do seu sangue, como sacrifício da Nova Aliança, pedindo a eles que repetissem em sua memória, até seu retorno no fim da história humana, o gesto por ele realizado e em tal modo tornassem presente o seu sacrifício.Assim, durante sua vida terrena, Jesus colocou as bases de sua comunidade, a Igreja, constituída como tal por obra do Espírito Santo.
Essa verdade se apresenta após a ressurreição de Jesus: ele aparece várias vezes aos seus discípulos, reforça-lhes a fé em sua ressurreição e, sobretudo, “abriu a mente deles a inteligência das Escrituras”, fazendo com que eles compreendessem que ele, o Messias, deveria sofrer e ressuscitar dos mortos, e que no seu nome seria pregado a todos os homens a conversão e o perdão dos pecados; mas não os enviou imediatamente a pregar, antes lhes ordenou a permanecer em Jerusalém, “até que fossem revestidos do poder do alto” (cfr Lc 24,45-49). Ele enviará sobre eles, enquanto dispensador do Espírito, “aquilo que o meu Pai prometeu” (Lc 24,49).
Nos dias que antecederam Pentecostes vemos de modo antecipado os elementos essenciais da Igreja: antes de tudo está o grupo “constituído” dos Doze como núcleo essencial (tão essencial que com a ausência de Judas Iscariotes foi necessário reconstituir o grupo com a eleição de Matias a tomar o lugar do traidor Judas: e isto acontece por iniciativa de Pedro, que tem portanto a condução da pequena comunidade); ali está também Maria, a mãe de Jesus; há também um pequeno grupo de discípulos e discípulas entre os quais alguns parentes de Jesus.  Esses não estão somente “no mesmo lugar” (At 2,1), mas estão assíduos e unânimes na oração (At 1,14): formam portanto uma comunidade orante, mas não ainda a Igreja de Jesus.
Esta se manifesta publicamente quando no dia de Pentecostes, 50 dias depois da Páscoa, o Espírito Santo investiu a  pequena comunidade como um “vendaval impetuoso” e apareceu “línguas como de fogo que se dividiram e que pousaram sobre cada um deles”; e quando, sob a ação do Espírito Santo, do qual estavam “repletos”, os membros da comunidade falavam em línguas diferentes da língua materna de cada um, de modo que os judeus presentes em Jerusalém, mas vindos de diversas partes do mundo que vieram para festa hebraica de Pentecostes, ouviam cada um em sua própria língua nativa.
Enquanto não foi investida pela “potência” do Espírito Santo, expressa pelos símbolos do vento e do fogo”, a pequena comunidade dos discípulos de Jesus é uma comunidade “fechada”; sobretudo é uma comunidade “fraca”, incapaz de enfrentar um mundo hostil e de testemunhar, de frente a todos, que homens iníquos mataram Jesus de Nazaré, pregando-o em uma cruz, mas que Deus o ressuscitou dos mortos, constituindo-o “Senhor” e “Messias”.

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