quarta-feira, 31 de julho de 2013

Roma Cristão: Martírios do Coliseu

"Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue
dos que habitam sobre a terra?" (Ap 6.10).
Os Mártires do Coliseu são um livro indispensável para se conhecer a fé e a
coragem dos primeiros seguidores do Nazareno. Investigando diversas fontes,
quer cristãs quer seculares, utiliza-se o teólogo das ferramentas do historiador. E,
assim, leva-nos a inteirar-se do que realmente aconteceu com
as primeiras testemunhas de Nosso Senhor Jesus Cristo.
A história toda se passa em torno do Coliseu. Erguido com a pompa e a
arrogância tão próprias de Roma, abriu os frontões para que o populacho,
sequioso por pão e circo, se divertisse com o sangue de nossos irmãos.
Executados de maneira cruel, os discípulos de Cristo encharcavam, com o
seu sangue, aquela arena. Mas com a serenidade dos justos, encaminhavam-se à
Nova Jerusalém.
Deles encheu-se o céu; de seus algozes, encher-se-ia o inferno. Este livro
não é para ser lido propriamente do ponto de vista teológico; tem de ser relido sob
a ótica do historiador. Na tarefa de resgatar os depoimentos para a reconstrução
de um dos períodos mais negros da história da Igreja Cristã, viu-se o autor
obrigado a recorrer às mais diversas fontes.
 "Tu fizeste brilhar, rolar a lua sobre
Tudo isto. e lançar uma luz ampla e meiga
Que suavizou a austeridade venerável
Da áspera desolação, e preencheu,
Como era, mais uma vez, as fendas dos séculos,
Deixando aquela beleza que ainda era assim,
E fazendo o que não era, até o lugar
Tornar-se religião, e o coração transbordar
Com a mesma adoração dos grandes dos tempos antigos,
Os soberanos mortos que ainda testemunham,
De suas umas, a fé em Cristo."
— Byron's Manfred
Não há ruína do mundo antigo tão interessante como o grande anfiteatro de
Roma. Ele resiste em estupenda magnificência, em meio às sete colinas da antiga
capital do mundo, como um monumento a tudo o que foi grande e terrível no
passado. A imensidão e majestade de sua estrutura falam da perfeição da arte; as
suas reminiscências evocam os horrores da perseguição aos santos, e os triunfos
do cristianismo. Ele foi o campo de batalha onde a Igreja lutou pela conversão do
mundo pagão; o sangue dos heróis martirizados, que tombaram em combate,
ainda se mistura ao pó da arena.
As tempestades de dezessete séculos já rolaram sobre o poderoso
anfiteatro, deixando-o como um gigante "em suas ruínas, palpitando em sua
história. Bancadas elevam-se sobre bancadas, em direção à abóbada azul do céu;
o olho admirado não pode captar sua imensidão; e embora sacudido por
terremotos e relâmpagos do céu, e tendo o seu calcário roubado por saqueadores
da Idade Média, ele ainda permanece com imperecível grandeza em meio às sete
colinas, "um nobre destroço de ruinosa perfeição".
Recordamos bem a nossa primeira visita às ruínas do Coliseu. Foi o
acontecimento de nossa vida. Encontramos nos escombros majestosos a
realização do mais alto vôo de nossa imaginação. Mil pensamentos acorreram-nos
à mente; a majestade silenciosa amortalhando aqueles muros imensos e sua
história emocionante fez-nos ficar grudados no solo, em admiração e reverência.
Bastou um olhar momentâneo, e o pensamento preencheu o intervalo de séculos.
Os assentos de mármore foram novamente lotados, perante os olhos da mente,
com milhares de seres humanos; o leão ferido, o gladiador agonizante, o mártir
ajoelhado, surgiram em rápida sucessão na arena manchada de sangue; o grito
ensurdecedor do populacho excitado; a condenação dos cristãos, e o clamor para
que o seu sangue fosse dado a saciar a sede dos leões... Tudo formou um quadro
do passado, que fez estremecer o coração. Ficamos na arena que viu a infância de
Roma e a glória da Igreja. O próprio pó sob nossos pés era santo! Um dia ele
entregará o que na eternidade será o mais brilhante ornamento dos céus: o
sangue dos mártires. Com um sentimento de temor e respeito, contemplamos a
cruz - estandarte do cristianismo - que lançava a sua sombra triunfante sobre a
arena silenciosa

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