quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Quando se busca Deus no lugar errado


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Quando se busca Deus no lugar errado

Onde estão as chagas de Jesus?
Na noite do dia 2 de julho, cerca de duzentas pessoas, escolhidas entre os pobres e mendigos de Roma, jantaram nos jardins do Vaticano, em frente à gruta de Nossa Senhora de Lourdes. Foram acolhidas pelo Cardeal Giuseppe Bertello, que lhes deu as boas-vindas em nome do Papa Francisco: «Como vocês sabem, esta é a casa de vocês, e nós os recebemos com alegria. Diante de nós está a imagem de Nossa Senhora, que nos olha com serenidade. É o mesmo olhar que eu desejo a todos vocês e àqueles que os acompanham com muito amor».

O jantar foi organizado pelo “Círculo de São Pedro”, uma antiga associação romana de leigos cristãos que procuram demonstrar em fatos concretos o amor de Deus e da Igreja pelas pessoas em necessidade. Foi o que explicou, naquela noite, um de seus membros: «Todos os dias, nos três refeitórios de que dispomos, alimentamos a quem nos procura, sem olhar para a nacionalidade ou religião a que pertencem. Os comensais aqui presentes foram escolhidos dentre esses nossos frequentadores habituais. Fomos buscá-los em quatro pontos da cidade».

Na manhã seguinte, festa de São Tomé, como de costume, o Papa Francisco celebrou a Missa na capela da Casa Santa Marta onde reside. Referindo-se ao apóstolo que, tocando nas chagas de Jesus, descobriu a Sua Ressurreição e Divindade, o Pontífice indicou o caminho mais rápido para chegar a Deus: sanar as feridas de Jesus que machucam uma multidão de irmãos sofredores. 



Trago alguns tópicos de sua homilia. A tradução não é literal, mas o pensamento é autêntico.
Quando Tomé vê Jesus em Seu corpo limpo, perfeito e luminoso, é convidado a colocar o dedo na ferida dos pregos e em Seu lado transpassado. Com este gesto, ele reconhece a Ressurreição e a Divindade de Jesus, revelando, assim, que não há outro caminho para o encontro com Jesus-Deus senão as suas feridas.

Na história da Igreja, sempre houve e há enganos no percurso que leva a Deus. Muitos pensam que o Senhor vivo possa ser encontrado na especulação, e se esforçam para aprofundar suas reflexões. Não são poucos os que se perdem nessa busca, pois, mesmo que possam chegar ao conhecimento da existência divina, nunca chegam à experiência de Jesus Cristo, Filho de Deus. É o caminho dos gnósticos, gente muito esforçada, que trabalha, mas que não descobre o rumo certo. Percorrem um caminho complicado, que não leva a lugar nenhum.

Outros pensam que para chegar a Deus precisam mortificar-se, ser austeros, e optam pelo caminho da penitência e do jejum. Infelizmente, nem eles chegam ao Deus vivo e verdadeiro, ao Deus de Jesus Cristo. São os pelagianos. Acreditam que só podem alcançar Deus a partir de si mesmos, com seus esforços e méritos. Eles também não conhecem o caminho indicado por Jesus para encontrá-Lo: as Suas chagas.

A questão é descobrir onde estão, hoje, as chagas de Jesus. A resposta é simples: nós tocamos nas feridas de Cristo quando praticamos as obras de misericórdia corporais e espirituais em favor do próximo.Hoje, quero destacar as corporais, aquelas que me levam a socorrer os irmãos e as irmãs que sofrem, que passam fome, que têm sede, estão nus, são humilhados, escravizados, que estão presos ou jazem nos hospitais. 
Estas são as chagas de Jesus. Sem dúvida, é coisa boa, útil e até mesmo necessária fundar centros para socorrer os necessitados. Mas se pararmos nisso, não passamos de filantropos. Devemos tocar nas feridas de Jesus, acariciá-las, cuidar delas, beijá-las. Como São Francisco que, depois de abraçar o leproso, viu a sua vida mudar.

Como se percebe, não precisamos de cursos de reciclagem para chegar a Deus, mas simplesmente sair às ruas para buscar e tocar nas chagas de Cristo em quem é pobre, frágil e marginalizado. Sem dúvida, não será simples nem espontâneo. Mas é para isso que existem a oração e a penitência: para obtermos a coragem de penetrar nas feridas de Jesus em quem sofre ao nosso lado. E, assim, ter a certeza de encontrar o Deus vivo e verdadeiro.

Dom Redovino Rizzardo, cs

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