domingo, 21 de julho de 2013

Marilogia: A Virgindade de Maria 2ªParte

Segundo o Evangelista João:
Joa 19, 25: "perto da cruz de Jesus, permaneciam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria mulher de Clopas e Maria Madalena".
(Entende-se aqui que Maria de Clopas era concunhada de Maria, termo inexistente na língua hebraica. Talvez Maria de Clopas pudesse também vir a ser irmã de sangue de Maria - mãe de Jesus, porém não há como prová-lo.).

Enumerando as mulheres que estavam juntamente com Maria ao pé da cruz, Mateus, Marcos e João as identificam da seguinte maneira:
Mateus 27, 56Marcos 15, 40João 19, 25
Maria, mãe de Tiago e de José;Maria, mãe de Tiago Menor e de José;a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Clopas
Maria Madalena;Maria MadalenaMaria Madalena
a mãe dos filhos de Zebedeu.Salomé
Por aí se vê que a mesma Maria que é apresentada por São João como tia de Jesus (Irmã de sua mãe) é apresentada por São Mateus e São Marcos como mãe de Tiago menor e de José. E é claro que não se trata de Maria Salomé, que é a mãe dos filhos de Zebedeu e, portanto, é mãe de Tiago Maior.
Tiago (maior) e João:
Mar 10,35: "Aproximaram-se de Jesus Tiago e João, filhos de Zebedeu e disseram-lhe: 'Mestre, queremos que nos concedas tudo o que te pedirmos".
Mat 20, 20: "Nisto, aproximou-se à mãe dos filhos de Zebedeu com seus filhos e prostrou-se diante de Jesus para lhe fazer uma súplica".
(Trata-se de Salomé, mulher de Zebedeu).
Relação dos Apóstolos:
Luc 6, 14-16: "Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro, André, seu irmão, Tiago, João, Felipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Simão, chamado zelador, Judas, irmão de Tiago, e Judas Iscariotes, aquele que foi o traidor".
Mat 10, 2-4: "Eis os nomes dos doze apóstolos: o primeiro, Simão, chamado Pedro, depois André, seu irmão. Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão. Felipe e Bartolomeu. Tomé e Mateus, o publicano. Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu. Simão, o cananeu e Judas Iscariotes, que foi o traidor".
(Tadeu é o Judas que não é o Iscariotes).
Mar 3, 16-19: "Escolheu estes doze: Simão, a quem pôs o nome de Pedro, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais pôs o nome de Boanerges, que quer dizer, filhos do trovão. Ele escolheu também André, Felipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão o zelador, e Judas Iscariotes, que o entregou".
Jesus foi filho único?
Luc 2, 41-46: "Seus Pais iam todos os anos a Jerusalém para a festa da Páscoa. Quando o menino completou doze anos, segundo o costume, subiram para festa. Terminados os dias, eles voltaram, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem. Pensando que ele estivesse na caravana, andaram o caminho de um dia, e puseram-se a procurá-lo entre os parentes e conhecidos, e não o encontrando, voltaram a Jerusalém à sua procura. Três dias depois, eles o encontraram no templo, sentado em meio aos doutores, ouvindo-os e interrogando-os".
Comentário: Os dias de festa da Páscoa eram 7 (sete), contando os dias de viagem de ida e volta, a Sagrada Família deve ter ficado cerca de quinze dias fora de casa. Ora, Maria e José não podem ter deixado no lar, por tanto tempo, filhos pequenos, donde se conclui, logicamente, que aos doze anos de idade Jesus era filho único.
Por que nunca os evangelhos chamam os "irmãos de Jesus" de "filhos de Maria" ou de "José", como fazem em relação ao Nosso Senhor? E como, durante toda a vida da Sagrada Família, o número de seus membros é sempre três? A fuga para o Egito, a perda e o encontro de Jesus no Templo, etc...

Joa 19, 26-27: "Jesus, então, vendo sua mãe e, perto dela, o discípulo a quem amava, disse a sua mãe: mulher, eis o teu filho! Depois disse ao discípulo: eis a tua mãe! E a partir dessa hora, o discípulo a recebeu em sua casa".

Comentário: Jesus ao morrer confiou sua mãe a João evangelista, filho de Zebedeu, membro de outra família. Este gesto seria incompreensível se Maria tivesse outros filhos em casa, já que segundo a lei de Moisés teria que ficar aos cuidados do filho mais velho. Jesus é dito "suposto filho de José" em Luc 3, 23; é dito "o filho de Maria" (com artigo) -"uiós Marias", em Mar 6, 3. O Evangelho nunca diz: "A mãe de Jesus e seus filhos", embora isto fosse natural se ela tivesse outros filhos (ver Mar 3, 31-35 e Ato 1, 14).
Objeções para a virgindade de Maria
1) "Antes de coabitarem" (Mat 1, 18):
"... Antes de coabitarem, ela concebeu por obra do Espírito Santo".
Comentário: Com esta expressão, o Evangelista dá a entender que a concepção virginal de Cristo se deu antes que a Virgem Maria estivesse vivendo na casa de seu castíssimo esposo. O que não significa que tenham coabitado depois. Como alguém que diz, fulano estava dormindo e morreu antes de acordar. Não significa que depois tenha acordado. Que não houve coabitação se constata também quando o mesmo Evangelista narra que São José, percebendo que sua esposa concebera, não conhecendo o mistério, mas não querendo difamá-la, resolveu "rejeitá-la secretamente". Mas o anjo do Senhor apareceu-lhe em sonhos tranqüilizando-o e aconselhando-o a recebê-la em casa, porque ela concebera por obra do Espírito Santo ( Mat 1, 20-24 ).
2) Expressões "Até que..." ou "Até o dia em que..." (Mat 1, 25):
"Mas não a conheceu até o dia em que ela deu à luz um filho. E ele o chamou com o nome de Jesus".- Dando a entender que São José a teria conhecido após o Nascimento de Jesus.
Leiamos também os seguintes textos sagrados:
2 Sm 6, 23: "E Micol, filha de Saul, não teve filhos até o dia da sua morte".
Comentário: Ninguém deduziria daí que os teve depois da morte.
Sal 110, 1: "Oráculo de Iahweh ao meu Senhor: senta-te à minha direita, até que eu ponha teus inimigos como escabelo de teus pés".
Comentário: Isto não significa que depois de vencidos os inimigos o Messias deixará de se sentar à direita do pai.
Gên 28, 15: "Eu estou contigo e te guardarei em todo lugar aonde fores, e te reconduzirei a esta terra, porque não te abandonarei enquanto não tiver realizado o que te prometi".
Comentário: e depois que Iahweh realizar aquilo que prometeu o abandonará?
Gên 8,7: "O corvo de Noé soltou após o dilúvio, Não voltou à arca até que as águas secassem".
Comentário: Isso não quer dizer que, depois do dilúvio, o corvo voltou à arca".
Mat 28, 20: "E ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei. E eis que Eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos".
Comentário: E depois da consumação dos séculos não estará mais conosco?
Esclarecimento
A expressão "até que" (ou "até o dia em que") corresponde ao grego "Heos Hou", ao hebraico "Ad ki" e ao latim "donec". Esta partícula na Escritura ocorre para designar apenas o que se deu (ou não se deu) no passado, sem indicação do que haveria de acontecer no futuro.
Nota: Às vezes, edições mais recentes da Bíblia substituem o "até que" por "a fim de que", "sem que", "sem" ou semelhante. Mas o caso é sempre o mesmo.
3) "O seu filho primogênito" (Luc 2, 7):
"E ela deu à luz o seu filho primogênito, envolveu-o com faixas e reclinou-o numa manjedoura,...".
Esclarecimento
O termo primogênito não significa que a mãe de Jesus tenha tido outros filhos após ele. Em hebraico "Bekor", que quer dizer primogênito, podia significar simplesmente o bem-amado, pois o primogênito é certamente aquele dos filhos no qual durante certo tempo se concentra todo amor dos pais; além disso, o primogênito era considerado pelos Hebreus, como de especial amor da parte de Deus, pois devia ser consagrado ao senhor desde os seus primeiros dias. ( cf. Lc 2, 22; Ex 13, 2; Ex 34, 19 ) e ele devia cumprir, logo no 1º mês, a lei do resgate. (Núm. 18,16) Essa lei não esperava pelo segundo filho para que o primeiro fosse tido e tratado por toda vida como primogênito.
Vejamos os seguintes textos sagrados:
Êxo 13, 2: "Consagra-me todo primogênito, todo o que abre o útero materno, entre os filhos de Israel. Homem ou animal será meu".
Êxo 34, 19: "Todo o que sair por primeiro do seio materno é meu: todo macho, todo primogênito das tuas ovelhas e do teu gado".
Zac 12, 10: "Derramarei sobre a casa de Davi e sobre todo habitante de Jerusalém um Espírito de Graça e de Súplica, e eles olharão para mim.Quanto àquele que eles transpassaram, eles o lamentarão como se fosse a lamentação de um filho único; eles o chorarão como se chora sobre o primogênito".
Comentário: a palavra primogênito podia ser sinônima de "unigênito", pois um e outro vocábulo na mentalidade semita designam o bem amado. Mesmo fora da Terra de Israel, podia chamar-se primogênito o menino que não tivesse irmão nem irmã mais jovem. É o que atesta uma inscrição sepulcral judaica datada de 5 a.C. e descoberta em Tell-el-Yedouhieh ( Egito ), no ano de 1922. Lê-se nela que uma jovem chamada Arsinoé morreu "nas dores do parto do seu filho primogênito"
4) "Todo macho que abre o útero" (Luc 2, 23):
"Conforme está escrito na lei do Senhor: todo macho que abre o útero será consagrado ao senhor", (Leia também Êxo 13, 2.12.15).
Comentário: Utiliza-se este trecho da Sagrada Escritura para argumentar que Maria não teria sido virgem no parto, pois nesse texto, São Lucas aplica a Jesus "o macho que abre o útero", a isto responde-se: esta expressão "O macho que abre o útero" ou, conforme outra tradução, "O filho que abre o seio materno" é clássica da lei de Moisés para designar o primeiro (ou também o único) filho. Tais palavras não têm em vista um fenômeno fisiológico, mas apenas a posição jurídica do filho na família.
A Sagrada Tradição Cristã sobre a virgindade de Maria
· "Filho de Deus pelo desejo e poder de Deus, nasceu verdadeiramente de uma Virgem" (S. Inácio de Antioquia, "Carta aos Magnésios", 110 d.C.).
· "O Príncipe deste mundo ignorou a virgindade de Maria e o seu parto, da mesma forma que a Morte do Senhor: três mistérios proeminentes que se realizaram no silêncio de Deus" ( Santo Inácio de Antioquia, Ad. Eph. 19, 1: SC 10 bis, 74 ( Funk 1, 228 ); cf. 1 Cor 2, 8 ).

· "E novamente, como Isaías havia expressamente previsto que Ele nasceria de uma virgem, ele declarou o seguinte: 'Eis que uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e seu nome será chamado "Deus-conosco"'. A frase 'Eis que uma virgem conceberá' significa certamente que a virgem iria conceber ser ter relacionamento. Se ela tivesse relacionamento com qualquer um que fosse, ela não poderia ser virgem. Mas o poder de Deus, vindo sobre a Virgem, a encobriu, e a induziu a conceber, embora ainda permanecesse Virgem" (S. Justino Mártir, "Primeira Apologia", 148-155 d.C.).
· "A Virgem Maria mostrou-se obediente ao dizer: "Eis aqui tua serva, Senhor; faça-se em mim conforme a tua palavra". Entretanto, Eva foi desobediente; mesmo enquanto era virgem, ela não obedeceu. Como ela - que ainda era virgem embora tivesse Adão por marido... - foi desobediente, tornou-se a causa da sua própria morte e também de todo gênero humano; então, também Maria, noiva de um homem, mas, apesar disso, ainda virgem, sendo obediente, se tornou a causa de salvação dela própria e de todo o gênero humano... Assim, o problema da desobediência de Eva foi eliminado pela obediência de Maria. O que a virgem Eva causou em sua incredulidade, a Virgem Maria eliminou através da sua fé" (S. Ireneu, "Contra as Heresias" Harvey, 2, 124 180-199 d.C.).
· "A Virgem Maria, tendo sido obediente à palavra de Deus, recebeu de um anjo a alegre notícia de que iria dar à luz ao próprio Deus" (S. Ireneu de Lião, "Contra as Heresias V, 19,1", 189 d.C.).
· "Apesar de permanecer virgem enquanto carregava um filho em seu ventre, a serva e obra da sabedoria divina tornou-se a Mãe de Deus" (Efraim o Sírio, "Canções de Louvor 1,20", 351 d.C.).
· "Houve quem negasse que Maria tivesse permanecido virgem. Desde muito temos preferido não falar sobre este tão grande sacrilégio. Maria (...) que é mestra da virgindade, (...) não podia acontecer que aquela que em si tinha trazido Deus resolvesse andar as voltas com um homem. Nem José, varão justo, cairia nessa loucura de querer misturar-se com a mãe do Senhor, em relação carnal".( Santo Ambrósio, De Inst. Virg. I, 3).
· "O Verbo gerado do Pai do céu, inexpressavelmente, inexplicavelmente, incompreensivelmente e maneira de eterna, nasceu há tempos atrás da Virgem Maria, a Mãe de Deus" (S. Atanásio, "A Encarnação do Verbo de Deus 8", 365 d.C.).
· "O Filho de Deus encarnou-Se, isto é, foi gerado de modo perfeito por Santa Maria, a sempre Virgem, por obra do Espírito Santo" (Santo Epifânio, Ancoratus, 119,5; DS 44, 374 d.C.).
· "Se alguém disser que a Santa Maria não é a Mãe de Deus, ele está em divergência com Deus. Se alguém declarar que Cristo passou pela Virgem como se passasse por um canal, e que não se desenvolveu divina e humanamente nela - divina porque não houve a participação de um homem, e humanamente segundo a lei da gestação - tal pessoa é também herege" (S. Gregório de Nanzianzo, "Carta ao Sacerdote Cledônio", 382 d.C.).
· "Invoco o Espírito Santo para que Ele possa se expressar através da minha boca e, assim, defenda a virgindade da bem-aventurada Maria. Invoco o Senhor Jesus para que proteja o santíssimo ventre no qual permaneceu por aproximadamente dez meses, sem quaisquer suspeitas de colaboração de natureza sexual. Rogo também a Deus Pai para que demonstre que a mãe de Seu Filho - que se tornou mãe antes de se casar - permaneceu Virgem ainda após o nascimento de seu Filho." ( São Jerônimo, Da Virgindade Perpétua de Maria, Cap. 2, 383 d.C. )
· "Você diz que Maria não continuou virgem. Eu brado ainda mais que José, ele mesmo, aceitou que Maria era virgem, de modo que de um casamento virgem nasceu um filho virgem. Porque se, como um homem santo, ele não se apresentou com a acusação de fornicação, e está escrito que ele não teve outra esposa, mas foi o guardião de Maria, aquela que foi tida por sua esposa, mas não ele por seu marido; a conclusão é que aquele que foi julgado digno de ser chamado pai do Senhor, permaneceu casto." ( São Jerônimo, Da Virgindade Perpétua de Maria, Cap. 21, 383 d.C. )
· "Nos ajuda a compreender os termos "primogênito" e "unigênito" quando o Evangelista diz que Maria permaneceu Virgem "até que deu à luz ao seu filho primogênito" [Mt 1,25]. Nada fez Maria, que é honrada e louvada acima de todas as outras: não se relacionou com ninguém, nem jamais foi Mãe de qualquer outro filho; mas, mesmo após o nascimento do seu filho [único], ela permaneceu sempre e para sempre uma virgem imaculada" (Dídimo o Cego, "A Trindade 3,4", 386 d.C.).
· "Entre todas as mulheres, Maria é a única a ser, ao mesmo tempo, Virgem e Mãe, não somente segundo o espírito, mas também pelo corpo. Ela é mãe conforme o espírito, não d'Aquele que é nossa Cabeça, isto é, do Salvador do qual ela nasceu, espiritualmente. Pois todos os que nele creram - e nesse número ela mesma se encontra - são chamado, com razão", filhos do Esposo" [Mt 9,15]. Mas, certamente, ela é a mãe de seus membros, segundo o espírito, pois cooperou com seu amor para que nascessem os fiéis na Igreja - os membros daquela divina Cabeça - da qual ela mesma é, corporalmente, a verdadeira mãe" (S. Agostinho, "A Virgindade Consagrada 6,6", 401 d.C.).
· "Maria permaneceu Virgem concebendo seu Filho, Virgem ao dá-lo à luz, Virgem ao carregá-lo, Virgem ao alimentá-lo de seu seio, Virgem sempre" ( Santo Agostinho, sermão, 186, 1: Pl 38, 999 ).
· "Quem jamais houve que tivesse ousado proferir o nome de Maria sem acrescentar a palavra "Virgem"? Porque Ela permaneceu Virgem ilibada. Negá-lo, seria grande perversidade". (Santo Epifânio, Panarion, em "Adversus haereses", 403 d.C.).
· "Voltando-se o Senhor, viu o discípulo a quem amava", e lhe disse, a respeito de Maria: "Eis aí tua Mãe"; e então à Mãe: "Eis aí teu filho" (Jo 19,26). Ora, se Maria tivesse filhos, ou se seu esposo ainda estivesse vivo, por que o Senhor a confiaria a João, ou João a ela? Mas, e por que não a confiou a Pedro, a André, a Mateus, a Bartolomeu? Fê-lo a João por causa da sua virgindade. A ele foi que disse: "Eis aí a tua mãe". Não sendo mãe corporal de João, o Senhor queria significar ser ela a mãe ou o princípio da virgindade: dela procedeu a Vida. Nesse intuito dirigiu-se a João, que era estranho, que não era parente, a fim de indicar que sua Mãe devia ser honrada. Dela, na verdade, o Senhor nascera, quanto ao corpo; sua encarnação não fora aparente, mas real. E se ela não fosse verdadeiramente sua Mãe, aquela de quem recebera a carne, e que o dera à luz, não se preocuparia tanto em recomendá-la como a sempre Virgem. Sendo sua Mãe, não admitia mancha alguma na sua honra e no admirável vaso do seu corpo. Mas prossegue o Evangelho: "e a partir daquele momento, o discípulo a levou consigo". Ora, se ela tivesse esposo, casa e filhos, iria para o que era seu, não para o alheio."( Santo Epifânio, PG, 42, 714s, 403 d.C. ).
· "O próprio Verbo, vindo por sua vontade à Bem-Aventurada Virgem, assumiu para si o seu próprio templo da substância da Virgem e saindo dela, fez-se completamente homem de modo que todos pudessem vê-lo externamente, mas sendo verdadeiramente Deus internamente. Portanto, Ele preservou sua Mãe virgem mesmo depois dela ter dado à luz" (S. Cirilo de Alexandria, "Contra aqueles que não desejam professar que a Santa Virgem é a Mãe de Deus 4", 430 d.C.).
· Se a dignidade de ser Mãe de Deus supôs a virgindade antes e no parto, essa mesma dignidade segue existindo depois do parto (São Tomás de Aquino, S. Th. III, q. 28, a .3).
· "Não pode negar que Maria e José contraíram o verdadeiro matrimônio, porquanto que Maria concebeu e
deu a luz a Cristo virginalmente e no dia da união com José. Com isso, pode se dizer aos fiéis casados que, ainda guardado de comum consentimento a continência, permanece o vínculo conjugal sem a união dos corpos". (São Tomás de Aquino, S. Th. Q.29, a.2).
· "De fato, no mistério da Igreja, a qual também se chama com razão virgem e mãe, à Santíssima Virgem Maria pertence o primeiro lugar, por ser de modo eminente e singular exemplo de virgem e mãe" ( Cf. Ps. Pedro Damasceno, Serm. 63: Pl 144, 861 AB. Godofredo de São Vítor, In Nat. B. M., Ms. Paris, Mazarine, 1002 fol. 109r. Gerhobus Reich, De Gloria et Honoré Folii hominis 10: Pl 194, 1105 AB. ).
· "E é também Virgem, que guarda a fé jurada ao Esposo, íntegra e pura; e, á imitação da Mãe do seu Senhor, conserva, pela graça do Espírito Santo, virginalmente íntegra a fé, sólida a esperança, sincera a caridade" ( Cf. Santo Ambrósio, 1. Cit e Expôs. Lc 10, 24-25: Pl 15, 180. Santo Agostinho, In Jô. Tr. 13, 12: Pl 35, 1499. Cf. Serm. 191, 2, 3: Pl 38, 1010etc. Cf. Vê. Beda, In Lc Expos. I, cap. 2: Pl 92, 330. Isaac de Stella, Serm. 54: Pl 194, 1863 A. ).
· Sobre a virgindade perpétua de Maria: " Tua pureza fica salva no anúncio angélico sobre tua prole; tua virgindade encontra segurança no nome de teu Filho, e assim permaneces honesta e íntegra depois do parto. Não quero ver-te [Joviano] questionar sobre o pudor de nossa Virgem no parto, não quero ver-te corromper a sua integridade na geração; não quero saber violada sua virgindade no momento em que deu à luz. Não lhe negues a maternidade porque foi virgem; não a prives da plena glória da virgindade, porque foi mãe. Se uma dessas coisas tu confundes, em tudo erraste. Desconhecer a harmonia que as une é ignorar por completa a verdade que encerram. Se não pensas assim estas errado, pecas contra a justiça. Se negas à Virgem sua maternidade ou sua virgindade, injurias grandemente a Deus. Negas que ele possa fazer a sua vontade, que ele possa manter virgem a que encontrou virgem. Mas então a divindade do Onipotente antes trouxe detrimento do que benefício a Maria; enfeiou-a Aquele que enchera de beleza, ao cria-la. Cesse o pensamento que assim julga, cale-se a boca que assim fala, não ressoe tal voz. Porque Maria é Virgem por graça de Deus, virgem de homem, virgem por testemunho do anjo, virgem por declaração do esposo, virgem sem sombra de dúvida, virgem antes da vinda do seu filho, virgem depois de concebê-lo, virgem no parto, virgem depois do parto. Fecundada pelo Verbo e de repleta, dignamente deu-o à luz, em nascimento humano, sim, conforme a condição e à verdade das coisas humanas, mas de modo intacto, incorrupto e totalmente íntegro. Isso ela deve a um dom divino, a uma divina graça, a uma divina concessão, mediante uma obra totalmente nova, de eficácia nova, de realização inédita, mantendo-se virgem pela concepção e depois da concepção, pelo parto, com o parto e depois do parto, virgem com o que havia de nascer, com o que nascia, virgem depois do seu nascimento. Dita, pois, esposa e virgem, escolhida para esposa e virgem, criada como esposa e virgem. Sempre virgem, apesar do filho e do esposo, alheia a toda união e comércio conjugal. Verdadeiramente virgem e santa, virgem gloriosa, virgem honrada. E após o nascimento do Verbo encarnado, após a natividade do homem assumido em Deus, do homem unido a Deus, mais santa virgem ainda, santíssima, mais bem-aventurada, mais gloriosa, mais nobre, mais honrada, e mais augusta." (Santo Ildefonso de Toledo, Patrologia Latina 96,58, 617-667 d. C.).

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