domingo, 21 de julho de 2013

Mariologia: A virgindade de Maria 3ªParte

Os Reformadores Protestantes sobre a virgindade de Maria
1) Martinho Lutero (1483-1546): Lutero foi formado na Tradição Católica que lhe ensinou a veneração a Maria, veneração que ele guardou até o fim da vida. Eis alguns de seus comentários:
· Sobre o Magnificat (Luc 1, 46-55): "Ó bem aventurada Mãe, Virgem Digníssima, recorda-te de nós e obtém que também em nós o Senhor faça essas grandes coisas!"
· Ao referir-se a Mat 1, 25 ("Mas não a conheceu até o dia em que..."): "Destas palavras não se pode concluir que após o parto, Maria tenha tido consórcio conjugal. Não se deve crer nem dizer isto." (Obras de Lutero Ed. Weimer, Tomo 11, pág. 323).
· "A bem-aventurada virgem via Deus em tudo; não se apegava a criatura alguma; tudo, ela o referia a Deus... por isso é puríssima adoradora de Deus, ela que exaltou Deus acima de todas as coisas." (Weimer, T1, Pp 60s).
· Texto de Lutero já no fim de sua vida: "Virgem antes, no e depois do parto, que está grávida e dá à luz. Este artigo (da fé) é milagre divino." (Sermão Natal 1540: wa 49,182).
· "O Filho de Deus fez-se homem, de modo a ser concebido do Espírito Santo sem o auxílio de varão e a nascer de Maria pura, santa e sempre virgem. ("Artigos da Doutrina Cristã")
· "Ele, Cristo, nosso Salvador, era o fruto real e natural do ventre virginal de Maria... Isto aconteceu sem a participação de qualquer homem e ela permaneceu virgem mesmo depois disso" (Martinho Lutero, "Sermões sobre João", cap. 4, 1537-39 d.C.).

· Por isto Lutero se insurgia contra aqueles que lhe atribuíam a doutrina de que "Maria, a Mãe de Deus, não tenha sido virgem antes e depois do parto, mas tenha gerado Cristo e outros filhos com contato com José" (Weimar, tomo 11, pg. 314). Os irmãos de Jesus, mencionados no Evangelho, são parentes do Senhor (Weimar, tomo 46, pg. 723; Tischreden 5, nº 5839). O reformador prometia 100 moedas de ouro a quem lhe provasse que a palavra "almah" em Is 7,14 não significa virgem ( Ed. Weimer, tomo 53, pg. 640 ).

2) João Calvino (1509-1564): Calvino em Genebra (Suiça), foi muito mais radical do que Lutero na Alemanha. Imprimiu notas pessoais a reforma, entre as quais do Presbiterianismo. Eis alguns de seus comentários:
· "Professo que da genealogia de Cristo não se pode deduzir que ele foi filho de Davi a não ser através da virgem." (Calvini Opera 2,351).
· A respeito de Mat 1, 25 : "Jesus é dito primogênito unicamente para que saibamos que ele nasceu da virgem." (Calvini Opera 45,645).
· A propósito Is 7,14: "O profeta teria feito coisa muito fria e insípida se, depois de anunciar algo de novo e insólito entre os judeus, acrescentasse: 'Uma jovem conceberá'. É assaz claro, portanto, que ele fala da Virgem, que havia de conceber não conforme as leis ordinárias da natureza, mas por graça do Espírito Santo" (Calvini Opera 36,156s).
· Calvino exalta as virtudes de Maria quando escreve: "Quando a Virgem disse: 'Eis a Serva do Senhor', ela se ofereceu e entregou totalmente a Deus, para que se servisse dela conforme os direitos de Deus. 'Faça-se em mim': entendo estas palavras como expressão de que Maria estava persuadida do poder de Deus e voluntariamente se dispunha a atender ao seu chamado; acreditou na promessa do Senhor, cuja realização Ela não somente esperava, mas também pedia ardorosamente" (Calvini Opera 45,30).
· Ao comentar a frase: "Bem-aventurada me dirão todas as gerações", julga que Maria assim "proclamava uma tão grande dádiva de Deus que não era lícito silenciá-la... Reconhecemos que este dom foi altamente honroso para Maria. De boa vontade seguimo-la como mestra e obedecemos aos ensinamentos e preceitos da Virgem" (Calvini Opera 45,38).
3) Ülrico Zwínglio (1484-1531):Zwínglio em Zürich (Suíça) iniciou uma reforma que foi posteriormente absorvida pelo Calvinismo. Disse Zwínglio:
· "Creio firmemente que, segundo o Evangelho, Maria como virgem pura, gerou o filho de Deus e no parto e após o parto permaneceu para sempre virgem pura e íntegra. Também acredito firmemente que ela foi por Deus exaltada acima de todas as criaturas bem-aventuradas (sobre os homens e anjos) na eterna bem-aventurança." (Zwinglio Opera 1,424).
· Os "irmãos do Senhor" eram, para Zwinglio, "os amigos do Senhor" (Zwinglio Opera 1,401).
· Declarou: "Estimo grandemente a Mãe de Deus, a Virgem Maria perpetuamente casta e imaculada" (Zwinglio Opera 2,189).
Explicações Complementares:
A) Por que Jesus chamava Maria de Mulher ?

Joa 19, 26-27: "Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: 'Mulher, eis aí teu filho.' Depois disse ao discípulo: 'Eis aí tua mãe.' e desta hora em diante o discípulo a levou para a sua casa.'"

Gên 3, 15: "Porei ódio entre ti e a Mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar."

Apo 12, 17: "Este, então, se irritou contra a Mulher, e foi fazer guerra ao resto de sua descendência, aos que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus."
B) Como era o noivado de origem Judaica?
Em hebraico é chamado Kiddushin. Era o compromisso de casamento feito pelos dois contraentes diante de duas testemunhas. Esse compromisso já era considerado um casamento legal. Os noivos tinham o prazo de um ano para passarem a morar juntos. Se durante o tempo de noivado nascessem filhos, esses filhos eram considerados como legítimos, porém o ato sexual entre os noivos neste período constituía um pecado.
No tempo oportuno era feita uma grande festa nupcial e, somente então, a noiva passava a morar na casa do noivo. Com tal cerimônia, o casamento era considerado civilmente completo, legalmente constituído. Havia solene ritual público e comunitário para a celebração.
Comentário: A idéia de abandono de Maria por José é compreensível diante do acontecimento. Antes de passarem a morar juntos, ou seja, antes da cerimônia solene da festa nupcial, Maria já estava grávida. De um lado, José a julgava mulher virtuosa e pura, por ser ele um homem justo, conforme diz o texto sagrado. De outro lado, havia o problema da gravidez dela, pois o filho não era dele. De acordo com a lei, ele deveria denunciá-la perante a sociedade, e ela seria apedrejada (Deu 22, 13-21). Diante disso, José que não queria acusar Maria porque sabia de suas virtudes, resolveu então deixá-la secretamente, sem acusá-la, o que a livraria da pena de morte.
Nesse tempo ocorre a intervenção de Deus, que o evangelista descreve por meio do gênero literário dos "sonhos", no qual deus lhe revela que "o que nela foi gerado vem do Espírito Santo" (Mat 1, 19-20). Ele entende e aceita a paternidade legal de Jesus
Conclusão:
Significado positivo
Se a profissão da virgindade de Maria não implica menosprezo do matrimônio e do legítimo consórcio marital, pergunta-se: por que Deus, autor da instituição matrimonial, não quis que seu filho, feito homem, nascesse no mundo por via do consórcio marital? Em resposta explicamos: o filho de Maria virgem é verdadeiro homem; seu nascimento virginal não lhe mutila a natureza humana mas não é apenas verdadeiro homem: ele também é verdadeiro Deus, e, como tal, assinalado pelo seu modo de nascer. Modo portentoso. Deus Pai quis que o Salvador fosse dado ao mundo por natividade virginal. Esse desígnio deve ser entendido como desígnio de proporcionar aos homens um sinal ou símbolo que:

a) A Salvação do gênero humano é algo totalmente gratuito; ela não se deve "Nem à vontade da carne, nem à vontade do homem" mas devido ao amor de Deus por nós;
b) Se Jesus tivesse tido irmãos carnais, pensar-se-ia que esses irmãos também seriam deuses, causando o politeísmo e heresia.
c) O matrimônio é monogâmico. Ora, se Maria tivesse tido filhos de outrem que não o Espírito Santo, seu Divino esposo, isso seria uma aberração, semelhante ao adultério. Esposa do Divino Espírito Santo uma vez, Maria devia se conservar sua esposa fiel sempre.
d) Deus recriou o homem depois de haver assumido a dor e a morte da criatura, apresentou ao mundo Jesus Cristo ressuscitado. Nascimento virginal e ressurreição corporal estão intimamente associados entre si;
e) Jesus no Evangelho diz que, após a ressurreição dos mortos já não haverá consórcio marital conforme Mat 22, 30: "Com efeito, na ressurreição nem eles se casam e nem elas se dão em casamento, mas são todos como os anjos no céu." Ora, a conceição virginal de Jesus é um reflexo antecipado desse estado de coisas definitivas;
f) Na virgindade de Maria torna-se claro o fato de que Deus pode assumir totalmente alguém para o seu serviço, isso acontece também hoje, nos tempos atuais, por exemplo: Freiras, Padres etc. e a virgindade física de Maria é o sinal de sua total entrega de Espírito a Deus. Mas sem a entrega interior de Maria, sua virgindade biológica, não teria sentido. Vê-se, pois, que a virgindade de Maria na sagrada escritura, é um fato, e um fato prenhe de mensagem. Sem mensagem para nós, o fato da virgindade seria brutal ou antinatural. Sem o fato da virgindade física, a mensagem seria abstrata, teórica ou mesmo vazia. O fato da virgindade de Maria e o significado da mesma são inseparáveis um do outro.
g) Em última análise, nem a filosofia nem a ciência hoje estão aptas a afirmar ou negar que Maria tenha sido virgem perpétua, é somente a fé que o afirma; e é somente na fé que se professa tal verdade. A Fé, sem dúvida, baseada no testemunho da palavra de Deus escrita e oral, éindiscutível!
FONTE:
Associação da Escola de Fé Maria Mater Eclesiae ( Texto Básico )
Site Veritatis Splendor
Site da Associação Cultural Montfort
Site Editora Cleófas
Site da Associação Apostólica São João Maria Vianney
Site Associação Cultural Santo Tomás
Catecismo da Igreja Católica
Revista Catolicismo
Livro: A doutrina Católica Face as Objeções Protestantes - Pe. David Francisquini
Livro: Católicos Perguntam - Dom Estevão Tavares Bettencourt
Carta Encíclica Redemptoris Mater do Papa João Paulo II

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...